Crise eleva 'padrão brasileiro de incerteza' a outro patamar, diz FT




18/03/2016 - 00:00

As reviravoltas da crise política no Brasil elevaram o caráter imprevísivel da política nacional a outro patamar.

Para o jornal britânico Financial Times, que abordou a situação brasileira na edição desta sexta-feira (18), os eventos desta semana foram "extraordinários" mesmo para um país cuja trajetória é "cheia de histórias improváveis".

"Um presidente (Fernando Collor) afastado por suposta corrupção que volta como senador para logo ser acusado em outro escândalo. Um líder de uma comissão de direitos humanos e minorias (Marco Feliciano) conhecido por supostos insultos racistas e homofóbicos. O ditador (Getúlio Vargas) que se suicidou de pijamas (...), o primeiro presidente do Brasil democrático (José Sarney) que nunca foi eleito", afirma a publicação, para quem os desdobramentos atuais desafiam até os "padrões normais" da política nacional.

Como exemplo da incerteza vigente no país, o texto, assinado pela correspondente Samantha Pearson, cita a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em horas passou de investigado sob ameaça de prisão a chefe de fato do governo - até ter a posse suspensa por juízes de primeira instância.

"À noite (de quarta-feira), ele estava efetivamente conduzindo o país. Ontem (quinta-feira) à tarde, ninguém sabia o que iria acontecer", afirma o texto.

Segundo o jornal especializado em economia, a expectativa com a posse de Lula é que o "carismático mentor" da presidente Dilma Rousseff liderasse os esforços do PT para "salvar a economia da pior recessão em mais de um século e reconstruir a coalizão governista em desintegração".

A publicação consultou analistas brasileiros sobre possíveis mudanças na política econômica com Lula no governo. Destacou os temores no mercado de que o país abandone a disciplina fiscal para tentar estimular a economia com maior intervenção estatal e até medidas heterodoxas, como uso de reservas internacionais para expansão do crédito.

Consultores ouvidos pelo jornal afirmaram, porém, que a retórica recente de Lula pode ser apenas um "jogo para a plateia" em busca de unidade política.

"Lula sabe que a crise política é alimentada pela (crise) econômica, então ele não tem mais interesse em criar mais instabilidade no mercado", disse ao jornal o analista Gabriel Petrus, da Barral M. Jorge Consultores Associados.

João Augusto de Castro Neves, do Eurasia Group, foi na mesma linha ao afirmar à publicação que a "grande barganha de Lula com o PMDB implicaria levar as políticas para o centro, apesar de sua retórica esquerdista".

O jornal conclui que todas essas discussões "podem se revelar hipotéticas" diante de prognósticos de "colapso" do governo, sobretudo após a divulgação, pelo juiz Sérgio Moro, de diálogos privados de Lula que poderiam sugerir tentativas de obstrução da Justiça.

Crise "mais estranha"

A revista britânica The Economist também abordou a turbulência atual no Brasil, em texto publicado na quinta-feira em sua edição eletrônica.

Na linha do Financial Times, a publicação afirma que a crise está se aprofundando e adquirindo contornos "mais estranhos".

A revista aponta que a "sobrevivência" de Dilma no cargo dependerá, sobretudo, da permanência do PMDB no governo. "Mas cada nova revelação afasta alguns dos aliados de centro do governo restantes no Congresso. As notícias sobre os grampos foram a gota d'água para um grupo."

O jornal americano The New York Times, em texto publicado na internet também nesta quinta, destaca como a divulgação das interceptações telefônicas parecem estar contribuindo para a "agitação política" crescente no país.

A publicação consulta especialistas a favor e contra a medida do juiz Moro, e lembra como palavras usadas por Lula em 1988 para denunciar privilégios a altos funcionários envolvidos em escândalos "estão voltando para assombrá-lo".

"No Brasil é assim: quando um pobre rouba ele vai para a cadeia, mas quando um rico rouba ele vira ministro", afirmou na ocasião o então deputado constituinte Luiz Inácio Lula da Silva, em frase relembrada pelo jornal.

Fonte: G1

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