Alta dos juros para conter a inflação ameaça crescimento econômico

Disparada de 11,75 pontos percentuais da taxa Selic desestimula o consumo, freia produção e já reflete nas previsões de crescimento do PIB em 2023


08/08/2022 - 08:12

A trajetória que levou a taxa básica de juros ao maior patamar dos últimos seis anos para segurar o avanço da inflação pode ter um efeito perverso no desempenho da economia brasileira. O movimento ocorre com o menor estímulo para as famílias consumirem e já reflete nas expectativas de crescimento para 2023.
 
Desde março do ano passado, a taxa Selic disparou 11,75 pontos percentuais, de 2% para 13,75% ao ano. O ciclo pode ainda não ter chegado ao fim e parte dos analistas do mercado financeiro e o próprio Copom (Comitê de Política Monetária) já admitem um novo ajuste dos juros em 0,25 ponto percentual na reunião de setembro.
 
"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas", ressalta o documento que comunicou a nova alta dos juros.
 
Para Vitor Nery, analista de renda fixa da Blue3 Investimentos, um novo ajuste da taxa básica de juros para o patamar de 14% ao ano terá um efeito pequeno perto do impacto já causado pela política monetária contracionista desde março do ano passado.
 
Nery explica que existe agora a necessidade de observar o período de manutenção dos juros em alta, o que representa um "freio forte" para o desenvolvimento da atividade econômica. "Embora consiga reduzir a inflação, uma taxa Selic elevada, se prolongada por muito tempo, causa um atraso econômico e impactar fortemente o PIB", afirma.
 
Com o possível cenário de manutenção da Selic em um nível elevado por um período prolongado, o mercado financeiro começou a derrubar a expectativa de alta do PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Somente nas últimas quatro semanas, a expectativa de crescimento para o ano que vem caiu de 0,5% para 0,4%.
 
As avaliações levam em conta que os juros maiores tornam o dinheiro mais caro, encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento pelas famílias. "As pessoas que desejam movimentar a roda da economia vão pensar duas vezes antes de tomar um empréstimo mais caro", ressalta Nery.
 
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, observa que somente o fim da trajetória de elevação da taxa Selic é aguardado na expectativa de reaquecimento da economia nos próximos anos.
 
"Como o mercado financeiro tenta antecipar os movimentos, a leitura é de que o ciclo de alta dos juros se aproxima do fim e, se a inflação arrefecer, o BC vai poder reduzir a Selic. [...] Com o movimento de corte, existe a expectativa de um reaquecimento da economia, porque todo crédito fica facilitado para consumidores e empresários", prevê Jorge.
 
O movimento de alta dos juros já reflete no desempenho do setor industrial, único dos grande segmentos a figurar ainda abaixo do patamar de fevereiro de 2020, último mês sem medidas restritivas para conter o avanço da pandemia no Brasil.
 
"Novas altas da Selic, além de 13,75% ao ano, podem desestimular ainda mais uma retomada de crescimento econômico. O setor industrial ainda sofre com o desarranjo da cadeia produtiva, principalmente insumos básicos", observa Fábio Astrauskas, economista e professor do Insper.
 
 

Observatório Econômico
12/07/2023 - 09:24
Especialistas defendem novas formas de custeio de sindicatos

Assunto foi debatido em evento sobre os 80 anos da CLT, no Rio

07/02/2023 - 14:40
Técnicos do Sindifiscal/MS apontam que MS deve estreitar relações com a Índia

Análise das exportações de MS aponta que as vendas para Índia em 2022 aumentaram 325% em comparação ao ano passado




Veja mais

Receita paga nesta quarta-feira lote da malha fina do IR

Cerca de 280 mil contribuintes receberão R$ 339,63 milhões

Frio no amanhecer e tempo firme marcam a quarta-feira em MS

Manhãs frias persistem pelos próximos dias

Sindifiscal/MS suspende expediente nos dias 1º e 2 de maio devido ao feriado do Dia do Trabalhador

Serviços presenciais e atendimento aos filiados estarão interrompidos; atividades retornam na segunda-feira, dia 5 de maio




Sindicato dos Fiscais Tributários do Estado de Mato Grosso do Sul - SINDIFISCAL/MS

---